Introdução

Uma das tarefas mais difíceis do administrador de rede é fazer o planejamento de capacidade da rede. O capacity planning em TI é um processo que envolve o correto dimensionamento de todos os links, equipamentos e recursos de uma rede, incluindo licenças, softwares e as pessoas necessárias para operar e gerir esta rede para que ela suporte as atividades essenciais do negócio da empresa. Um site mal dimensionado pode trazer uma perda significativa de receita para a empresa, causando ineficiência operacional. Pode-se dizer que o objetivo do capacity planning é diminuir a discrepância entre a demanda real e a capacidade ofertada pela rede.

Este artigo mostra como se pode aumentar a precisão do capacity planning utilizando uma ferramenta de caracterização de tráfego, evitando gastos desnecessários.

Fazendo o capacity planning

O primeiro passo é obter, principalmente com as áreas de marketing e de planejamento estratégico, a demanda a ser atendida no próximo ano ou período fiscal. Essa demanda pode ser um acréscimo na infraestrutura existente, caso a empresa esteja com visão de crescimento ou mesmo um corte nos recursos atuais caso a estratégia da empresa seja de retração, com revisão do portfólio e corte de custos.

O segundo passo é fazer um levantamento em todas as aplicações que requerem banda. Como as redes são muito mais complexas hoje do que eram no passado, o profundo conhecimento das necessidades de banda por tipo de aplicação diminui a maior parte da dor de cabeça do gestor de rede, que é acionado 80% das vezes por lentidão da rede ou por não funcionamento de uma determinada aplicação.

Com a lista de aplicações e seus requisitos de tráfego em mãos, o gestor de TI precisa identificar os usuários que farão uso destas aplicações e verificar onde eles estão locados. É importante ressaltar que cada usuário possui necessidades diferentes, e seria simplório demais generalizar e fazer uma conta de utilização de banda por usuário. Isso porque as equipes de vendas podem utilizar aplicativos diferentes das equipes de engenharia e operações, por exemplo, gerando um erro que pode ter proporções desastrosas no dimensionamento dos links WAN. Na verdade, este é o ponto chave do capacity planning: segregar os usuários pelos aplicativos que utilizam e então dimensionar os links WAN, levando em consideração os requisitos de redundância e de SLA que a empresa espera da rede dimensionada.

Número de funcionários da empresa
Número de funcionários da empresa

Para clarificar o conceito abordado acima, vamos supor que uma empresa possua 200 funcionários locados em um determinado site, com um link WAN de 40Mbps. A empresa está expandindo suas operações e serão contratados mais 50 funcionários para trabalhar nesta localidade, mais especificamente na área de suporte e operações. Sabe-se que os 200 funcionários estão divididos nos seguintes departamentos:

  • 70 funcionários na área de engenharia;
  • 50 funcionários na área de vendas;
  • 40 funcionários locados no Call Center;
  • 40 funcionários locados em suporte e operações;

Observando a ocupação do link WAN, o gestor de TI descobre que ele já está com o tráfego perto do limite que foi dimensionado, tendo 80% de sua capacidade ocupada nas horas de maior movimento. A pergunta que mais aflige o administrador neste momento é se haverá necessidade de expandir o link WAN com a contratação dos 50 novos funcionários para a área de operações e suporte e, havendo esta necessidade, qual seria o dimensionamento desta banda?

O maior erro seria simplificar e fazer um cálculo de banda por usuário da seguinte forma:

(40Mbps * 80% de ocupação) / 200 funcionários = 160 kbps

Ou seja, cada usuário consumiria 160kbps deste link WAN. Este cálculo simplificado poderia levar o gestor de TI a concluir que os 50 novos funcionários consumirão o seguinte incremento de banda:

50 * 160kbps = 8Mbps

Logo, os 250 funcionários agora ocuparão totalmente o link de 40Mbps, que ficaria no gargalo e não suportaria tal expansão.

Vimos acima que o gestor de TI deve identificar as necessidades de banda de cada área usuário para dimensionar corretamente o link WAN. Utilizando uma ferramenta de caracterização de tráfego, o gestor consegue identificar que:

Distribuição do tráfego por departamento
Distribuição do tráfego por departamento
  • A área de engenharia troca uma série de e-mails com fabricantes de equipamentos, recebendo propostas em formato pdf e em formato jpg. Esses e-mails geram em média o tráfego de 4 Mbps.
  • A área de call center utiliza Citrix e outras aplicações específicas, que consomem em média 18 Mbps do link WAN.
  • A área de vendas utiliza um aplicativo para gerar propostas e consultar estoques, consumindo em média 8 Mbps do link.
  • A área de suporte utiliza apenas uma aplicação de registro de incidentes na Intranet da empresa, gerando pouco tráfego, em torno de 2 Mbps.

Assim foi possível verificar como está dividida a ocupação do link WAN por departamento, e, por consequência, por usuário de cada área. Como a expansão no quadro de funcionários será exclusiva da área de suporte, sabemos agora que cada funcionário desse departamento necessita de:

(2Mbps / 40 funcionários) = 50kbps

Logo, com a contratação de 50 funcionários para trabalhar na área de suporte, o gestor de TI pode concluir que necessita da seguinte banda incremental:

50 funcionários * 50kbps = 2.5 Mbps

Ou seja, o link de 40Mbps suportaria a nova demanda de tráfego analisada, sem necessidade de uma expansão.

Conclusão

Algumas empresas ainda resistem e não investem em ferramentas essenciais para gerenciar suas redes. Fazer a gestão de tráfego sem saber o que está acontecendo na rede de forma minuciosa é um caminho que não deve ser seguido por nenhum gestor de TI, principalmente porque ele é o responsável pelo cálculo do capacity planning. E ferramentas como o TRAFip evitam que este cálculo seja feito por aproximação, estimativas ou “regras de 3”.

Ferramenta TRAFip para caracterização de tráfego IP
Ferramenta TRAFip para caracterização de tráfego IP

O TRAFip é uma ferramenta que permite ao administrador de rede coletar as informações que passam pela rede e mostrá-las através de relatórios, gráficos e tabelas, permitindo a gerência do tráfego e o conhecimento de tudo o que está passando nos links gerenciados. Nada melhor para o administrador de rede, que passa a ter uma fonte precisa e confiável que fornece uma visão completa dos fluxos de bits e bytes, aplicações e dos dispositivos/interfaces que estão sendo gerenciados. O capacity planning então é feito baseado em dados concretos, sem estimativas e sem intuição por parte de quem o está fazendo.

Com confiança, rapidez e precisão, o gestor de TI consegue responder à alta administração da empresa e mostrar como chegou ao seu cálculo de capacity planning, justificando o orçamento solicitado para gerir a infraestrutura de TI da empresa.